terça-feira, 12 de abril de 2011

Pintura Africana

A riqueza da África não se encontra apenas em suas belezas naturais, em sua dança, em seus ritos, em sua cultura e em seu povo. Há uma diversidade de cores que compunha a vida artística dos africanos, essas por sua vez, são extremamente vibrantes e reconhecidas em qualquer lugar do mundo. Essas cores deram e dão vida à chamada pintura africana.

Até o fim do século XIX, as imagens africanas eram baseadas na representação de animais encontrados no Deserto do Sahara. Houve períodos de apogeu desses aspectos animalescos, por exemplo: Bubalus Antiqus (Pinturas de animais selvagens, como o búfalo), Período Pastoralista(Pinturas com menor preocupação com o naturalismo), Período do Cavalo (Pinturas de animais domésticos, como os cavalos) e por fim, o Período do Camelo (Pinturas onde o camelo é a peça-chave das obras). Outro aspecto importante do século XIX no Senegal, por exemplo, foi a proibição de atividades pros etilistas do até então, governador Faidherbe. Esse impedimento fez com que os artistas procurassem outras forças de expressar sua arte. A saída encontrada foi transmitir suas mensagens, seu exílio e seus milagres através de pinturas feitas em vidro recuperado. Essa técnica foi passada e hoje vemos essas pinturas em vidro retratando cenas da vida quotidiana.

A pintura de máscaras e a produção de esculturas também foi um pequeno marco do começo das expressões do século XIX, mas isso não se infere como característica principal desse processo, pois não havia autonomia sócio-política e econômica, muitos menos artística nesse continente.

Por conseguinte, no inicio do século XX, a dependência ainda fazia parte do continente Africano. A África não era apenas colônia dos países da Europa, sua arte também tinha uma vinculação exagerada ao modo europeu de se pintar. Logo, a arte africana é e foi diversas vezes ligada à missão civilizatória e à ação disciplinadora do projeto colonial europeu.

Desse modo, com o início da independência dos países africanos houve um crescimento em sua cultura pitoresca. No final da década de 30, por exemplo, muitos artistas subsaarianos terminaram seus estudos de arte na Europa. Oku Ampofo Gana foi o primeiro, ele foi para a Inglaterra para estudar medicina e, em 1932 iniciou seus estudos de arte. Muitos outros vieram depois disso, como Iba Ndiaye (Senegal) em 1948, Sekoto, Gerard (África do Sul) em 1947, Tekle Afewerk (Etiópia) em 1948) etc, porém como a África ainda não abrangia técnicas, muito menos instrumentos para auxiliar esses artesãos, eles tinham que buscar recursos fora de suas estirpes, o que dificultou muito a expansão desse processo cultural.

Subsecutivo houve a eclosão da Primeira e Segunda Guerra Mundial. Nessa época, surgiram novos e autênticos caracteres na pintura Africana. A expressão foi o principal desses estilos. A partir daí eles demonstraram até mesmo a pintura neo-tradicional, que correspondeu aos movimentos de “negritude”, que exaltavam a valorização da cultura negra na África e nas populações afro-descendentes significativas que foram vítimas da opressão colonialista. Vale destacar os aspectos formais dessa arte, que por sua vez, abrangiam de forma clara a arte abstrata, já que na decoração e na pintura, os africanos utilizavam, por exemplo, métodos geométricos propostos na arte islâmica.

Então, a partir dessa evolução na arte, surgiram escolas como Lubumbashi, Dakar e Potopotó, que lançaram trabalhos de importância decorativa, expressas em suas cores, especialmente ocre que se remetia à arte popular. Cada escola tinha estilo próprio, mas possuíam características parecidas, muitas vezes comparadas pelos europeus como arte pela arte, uma das principais características do movimento literário Parnasiano, que difundia, sobretudo, a autonomia artística.

Na década de 1960, o movimento foi diferenciado em uma parte da África, especificamente na Nigéria e em Moçambique, onde o pintor moçambicano, Malangatana Valente, influenciado pela escola legal revolucionária mexicana, propôs uma forma de arte díspar. Em suas obras era predominante, por exemplo, o retrato de cenas dramáticas, imagens de brutalidade e angústia. Assim desenvolveu-se na África Austral o tema Mayri. Já na arte africana de Maputo, propostas também por Valente desencadeavam-se as preocupações sociais e essas, possuíam predileções pela pintura mural.

A partir da década de 1990, a tecnologia também influencia o modo de pintar africano. Entra em ação o workshop que produz uma diversidade de cores maior ainda, conseqüentemente, o surrealismo começa a fazer parte do estilo decorativo dessa nova arte.

Atualmente a África deixa de ser associada somente ao colonialismo e ao Apartheid, embora esses acontecimentos ainda mantenham fortes influências sobre a cultura desse povo tão rico artisticamente. Assim, os artistas contemporâneos ilustram perfeitamente suas condições artísticas ao meio periférico em que se encontram nesse novo mundo globalizado que bate à suas portas.

 Monstros grandes comendo monstros pequenos
1961 - óleo s/unitex - 120 x 153 cm
Malangatana - de Matalana a Matalana

 Julgamento de militantes da Frente de Libertação de Moçambique
1966 - óleo s/unitex - 87 x 122 cm

Um comentário:

  1. Bruna, seu texto ficou bom, apesar de ainda muito preso aos sites pesquisados. Reveja a grafia de INÍCIO e CONSEQUENTEMENTE. O melhor seria escrever: QUE COMPUNHAM A VIDA...//.

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